eleições 2020

Atente ao dicionário dos enganadores

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A eleição que se anuncia será a da imprevisibilidade. Frente ao que estamos vivendo, uma crise inicialmente sanitária com desdobramentos devastadores na saúde e na economia, os eleitores estão à espera do que será apresentado pelos candidatos que despontam à disputa à prefeitura de Santa Maria.  

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Promessas podem e devem surgir. Até porque a política, assim como a vida, é um pleito de concessões. Precisamos de sinalizações para que possamos avançar junto àquele candidato que atenda ao nosso ideal por uma Santa Maria melhor.

Mas aí que está o chamado pulo do gato. Todos gostariam de um município exemplar do campo à cidade. Mas há um abismo diferente entre o ideal e o real. Ou seja, o que pode ser feito e aquilo que inevitavelmente será, de forma descompromissada, ventilado e dado como exequível por um ou mais candidatos.

Então, a coluna traz, abaixo, uma dica para que o eleitor atente para quando ouvir certas expressões dos candidatos à prefeitura.


"É simples de fazer, é possível" - Nada é fácil ou simples dentro da máquina pública. Até mesmo aqueles mais ambientados e calejados, que já tenham passado por algum cargo dentro do Executivo, sabem que os meandros da engrenagem do poder público são complexos, engessados e, não raro, quase intransponíveis. Até porque se tudo fosse fácil, basta pegar como exemplo a situação do governador Eduardo Leite (PSDB), que já teria colocado em ordem os pagamentos dos servidores. 

"Precisamos de um choque de gestão" - Não se governa contra os servidores. O prefeito eleito precisa entender que não se pode nem se conseguirá imprimir um ritmo da iniciativa privada na máquina pública. Traduzindo: só se governa, se constrói ou se muda algo com os servidores ao lado. 

 "Basta vontade política" - Não se destravam obras ou se resolvem problemas históricos e estruturais apenas com resignação ou tapinha nas costas. Ao sentar na cadeira de prefeito, vem a parte mais difícil: ver que o que foi "pintado" na campanha, muitas vezes, será de difícil execução ou, até mesmo, quase impossível. 

"Cobertor curto" - Essa máxima será evocada, e com razão, pelos candidatos e, inclusive, pelo próximo prefeito, para justificar que demandas terão de ser deixadas de lado para que, assim, outras sejam executadas. O fato de a coberta ser quase inexistente não é motivo para se esconder atrás de infindáveis desculpas. Escolhas terão de ser feitas. Ou seja, em época de crise, corta-se a perfumaria e opta-se pelo básico.  

"Vamos valorizar os servidores" - Só se for, e o que já representa muito, com o pagamento em dia do funcionalismo. Aliás, essa deve ser a prioridade número 1 de qualquer um que queira ser prefeito de Santa Maria. Não haverá margem para correção salarial ou qualquer outra discrepância ou ato inconsequente, como aumento salarial. Todos devem ser valorizados. Mas vivemos em outra época, a do racionamento. Manter a dignidade e a prestação de serviços em dia passa, obrigatoriamente, pelo pagamento em dia dos salários do funcionalismo 

"A saída está nas PPP's" - Se fosse fácil, e simples como alguns tentam passar a impressão, o Estado (seja ele estadual ou federal) já teria entregue à iniciativa privada a construção de presídios, estradas e hospitais. Parcerias com a iniciativa privada nem sempre são possíveis e também não representam a solução para tudo. 

"Santa Maria é exportadora de cérebros" - Verdade. Agora, quem disser que irá reter aqui toda essa mão de obra qualificada, formada pela UFSM e por mais meia dúzia de instituições de Ensino Superior, estará no mínimo dando um atestado de um otimismo surreal e irresponsável. O fato de Santa Maria, na imensa maioria, pagar mal ou oferecer salários menos atrativos não é algo que seja revertido com um ato de gabinete. Isso, aliás, é algo que levará muito tempo até que um dia possa ser alterado. 

"Não sou político" - Demonizar a atividade política é algo extremamente temerário. A classe política é um pilar da nossa democracia. Não existem abnegados na política, muito menos espaço para altruísmo. Desconfie de quem tente se vender como apolítico. Geralmente, o perigo maior reside junto às ovelhas em pele de cordeiro. 

"Vamos resolver isso" - Com R$ 200 milhões a menos em caixa, a partir de 2021, busque, já a partir de agora, doutrinar seus ouvidos àqueles discursos que sejam razoáveis e aceitáveis (leia-se executáveis). O candidato que prometer em demasia, não que isso não possa ocorrer, estará mentindo. 


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